Superendividamento: entenda o que fazer quando as dívidas saem do controle
O número de brasileiros com dívidas em atraso nunca foi tão alto. Recente matéria da Infomoney indica 80 milhões de endividados no Brasil. Cartões de crédito, empréstimos pessoais e financiamentos se acumulam até o ponto em que a renda mensal já não cobre o básico. É aí que surge o chamado superendividamento — e a boa notícia é que a Lei nº 14.181/2021 veio para proteger o consumidor nessa situação.
O que é superendividamento
De acordo com a nova legislação, o superendividamento ocorre quando o consumidor não consegue pagar todas as suas dívidas de boa-fé sem comprometer o mínimo necessário para viver com dignidade.
O importante é configurar aqui que a dívda é de boa-fé e que acabou resultando de um mal planejamento ou situações que levaram ao consumidor a ter uma dívida impagável.
Isso significa que ninguém deve ter de escolher entre pagar o cartão de crédito ou comprar comida e remédios.
O que a Lei 14.181/2021 garante
A chamada Lei do Superendividamento alterou o Código de Defesa do Consumidor para reconhecer o endividamento excessivo como um problema social e jurídico.
Agora, quem não consegue mais pagar todas as dívidas pode:
- Solicitar uma renegociação global, reunindo todos os credores em um único plano;
- Buscar acordo coletivo mediado pelo Procon, Defensoria Pública ou pelo Judiciário;
- Contar com proteção contra práticas abusivas de crédito e com o incentivo à educação financeira.
O foco é dar ao consumidor uma nova chance, sem perder sua dignidade.
Quem pode pedir ajuda
Podem se beneficiar da lei todas as pessoas físicas com dívidas de consumo, como:
- Cartão de crédito;
- Cheque especial;
- Empréstimos pessoais;
- Parcelamentos comerciais.
Ficam de fora as dívidas de luxo e empresariais.
O caminho é procurar o Procon ou a Defensoria Pública (para quem não pode pagar um advogado), ou ainda ingressar com uma ação de repactuação judicial(através de um advogado de sua confiança) (art. 104-A do CDC).
Como funciona a renegociação
O consumidor apresenta:
- Lista completa das dívidas;
- Renda mensal e despesas essenciais;
- Proposta de pagamento que caiba no orçamento.
Os credores são chamados a uma audiência de conciliação. Se houver acordo, o juiz homologa o plano e o devedor passa a cumprir o novo cronograma.
Um recomeço financeiro possível
Mais do que um procedimento jurídico, a nova lei representa uma oportunidade real de recomeço.
O superendividamento não é apenas uma questão de dinheiro — é um problema de saúde mental, dignidade e cidadania.
Buscar ajuda é o primeiro passo para recuperar o controle da vida financeira e evitar que as dívidas determinem o seu futuro.